Retrospectiva 2018: A política na opinião de nossos comentaristas



O ano de 2018 foi um dos mais movimentados, importantes e marcantes do século. Além de perdas e de mais uma queda do Brasil perante um europeu em uma Copa do Mundo, foi o ano da política. Pela primeira vez na história, um ex-presidente é preso por um crime comum. 

Foi nesse ano também em que o Brasil deu uma guinada à direita e derrotou nas urnas o partido que se sobressaiu nas últimas quatro eleições presidenciais no Brasil. Venceu quem ninguém imaginava, um deputado que conseguiu milhões de apoiadores via rede social, outro marco de uma campanha em que o tempo de TV não fez muita diferença. Houve assassinato de vereadora e ataque contra candidato. No mundo, houve acertos de paz, abertura de ditaduras, continuações de outras. 

Para comentar cada um desses assuntos, como já é de tradição, convidei alguns meus colegas de site e também nossos leitores. É a retrospectiva 2018 na política que, para combinar com o ano atípico, pela primeira vez vai ao ar no ano seguinte.


Assassinato de Marielle Franco

Um dos acontecimentos que mais marcaram o ano na política está prestes a completar um ano, mas ainda sem uma explicação. Trata-se da morte da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do seu motorista, Anderson Gomes. Ativista pelos direitos humanos, Marielle foi executada com três tiros na cabeça em março de 2018 e a principal linha de investigação sobre seu assassinato é de que se tratou de um crime político. O caso teve grande comoção e ampla divulgação dos meios de comunicação, o que também gerou críticas de setores mais à direita da sociedade, que consideraram que a esquerda estaria explorando politicamente o assassinato.

Comentando sobre o tema, Yan:

A quinta parlamentar mais votada da cidade do Rio de Janeiro, conhecida por defender pautas dos direitos humanos, mais conhecida como Marielle Franco que teve uma infância difícil na  comunidade e mesmo assim conseguiu vencer as dificuldades e se formou na PUC-RJ no curso de ciências sociais, ela decidiu iniciar sua vida na política e ativismo depois que sua melhor amiga morreu vítima de bala perdida, esse foi o fator que envolveu ela a causa de diretos humanos onde constantemente criticava a violência polícia nas comunidades, infelizmente seu destino junto com o de Anderson Gomes, seu motorista, estava fadado a uma execução, a ocorrência da morte da ex-vereadora continua até hoje sem solução, o caso tomou proporções gigantes e tomou comoção maior por pessoa de ideologia de esquerda, já em contra partida a outra margem da sociedade fez acusações de explorar a morte da parlamentar em prol de benéficos políticos, então trazemos ao dias de hoje se passando quase um ano do ocorrido percebemos o quanto a luta de Marielle por mais seguranças e mais violência, e todos os seus projetos de lei em benefício da comunidade parecem não ter tido efeito na sociedade e seu caso segue sendo uma grande incógnita junto com milhares de outros casos acontecidos no ano passado, e encerro a análise com uma frase postada pela ex-parlamentar antes de ter sido executada “quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.


A prisão de Lula

Depois de ser condenado em duas instâncias, o ex-presidente Lula finalmente foi preso pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba no mês de abril de 2018. Tal prisão, como era de se imaginar, foi questionada por apoiadores do ex-presidentes e comemorada pela sociedade como um todo. Com recall eleitoral, Lula liderava as principais pesquisas de intenção de voto à Presidência, mas foi impedido de se candidatar por se encaixar na Lei da Ficha Limpa.

Comentando sobre o tema, Pedro:

Por prelúdio ou não, após um estopim de escândalos de corrupção no governo Dilma, as investigações descobriram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, também estava envolvido em corrupção, esse foi o fato que dividiu de vez a opinião dos brasileiros,  a maioria criou um ódio em cima do partido dos trabalhadores (PT) e a outra parte resolveu jogar tudo pra debaixo do tapete, com a desculpa de que Lula havia trazido benefícios ao povo ou então, alienados, dizendo que é inocente.

Lula foi corrupto, "lavou dinheiro" e recebeu benefícios por isso, dinheiro do povo, os políticos são empregados do povo, um empregado deve ter dedicação e trabalhar honestamente para ganhar o seu salário, e não foi isso que ele fez, ele fez coisas boas sim, porém muitas das coisas boas sem planejamento, e algumas ajudaram até a levar o Brasil a crise econômica que se encontrava, ele foi julgado em primeira instância e condenado, julgado em segunda instância e condenado de novo, ele roubou e merece pagar pelos crimes cometidos.


O povo merece que os políticos tenham respeito com o dinheiro deles, a prisão de um presidente que foi corrupto não deve ser visto como uma coisa ruim para o Brasil, e sim como um país que está combatendo um problema grave que é a corrupção.


Greve dos Caminhoneiros

Um dos acontecimentos mais inesperados no Brasil em 2018 foi a Greve dos Caminhoneiros. Grevistas paralisaram rodovias contra a política de preços da Petrobras na gestão do Presidente Michel Temer, que seguia a variação internacional e vinha aumentando desde 2018. A paralisação, que ocorreu em 24 estados e no Distrito Federal, acarretou no bloqueio de rodovias, escassez de combustíveis e alimentos, voos cancelados e com cidades decretando estado de emergência. O uso do Exército Brasileiro foi autorizado para o desbloqueio das rodovias e o governo resolveu mudar a política de preços até então adotada. Além do pedido de demissão do então presidente da Petrobrás, Pedro Parente, a greve foi vista como um grande atraso na economia do país para uns e força popular para outros.

Comentando sobre o tema, Alessandro:


Apesar do caos gerado pela greves dos caminhoneiros, o movimento serviu para mostrar a população o quanto é cruel a nossa carga tributária com o setor produtivo, e com os nossos caminhoneiros autônomos que vêem seus ganhos diminuindo ano após ano.

Serviu também para abrir os olhos da população sobre a nossa maquina pública inchada e ineficiente, a falta de competitividade no mercado, e o gigantismo estatal que sufoca a entrada de novas empresas do ramo dos combustíveis no país, que consequentemente eleva os preços dos produtos, coisa típica dos grandes monopólios.

Além de outros fatores que nos ajudar a explicar  o desencadeamento dessas séries de manifestações em rodovias federais e estaduais por todo país, como por exemplo, congelamento do preço dos combustíveis determinado pela ex-presidente da República Dilma Rousseff, a baixa no preço do petróleo no mercado internacional.

A conta das más gestões sempre chega, e uma delas foi a greve dos caminhoneiros.


Eleição Presidencial

A eleição presidencial de 2018 trouxe muitas surpresas. Muitas das previsões dos especialistas sobre o assunto foram quebradas, como a necessidade de se contar com uma máquina eleitoral e uma grande coligação para se eleger. Alckmin foi a prova disso e perdeu o espaço à direita para Jair Bolsonaro, que contava com menos de sete segundos de campanha na televisão. João Amoêdo, do NOVO, foi outra surpresa e ficou à frente de nomes como Marina Silva sem participar de nenhum debate. Cabo Daciolo foi o "palhaço da vez".

Comentando sobre o tema, Jackson:

A eleição presidencial de 2018 foi ao meu ver bem diferente das anteriores, logo nas primeiras pesquisas viu-se dispararem dois políticos estilo povão com apoiadores bem ativos nas redes sociais e nas ruas, o Lula e o Bolsonaro. 

Aliás essa tendência de campanha "boca a boca" tanto pela internet quanto em passeatas e influências familiares e amigáveis seguiu firme até o fim e de forma surpreendente acabou definindo mais o resultado das eleições do que os debates e a propaganda eleitoral que em outros anos havia contribuído muito mais para o desempenho dos candidatos. 

Jair Bolsonaro se deu ao luxo de faltar em quase todos os debates e mesmo com míseros 8 segundos de campanha na TV e rádio ainda conseguiu liderar com folga no primeiro turno e se eleger no segundo turno onde seu maior tempo de propaganda eleitoral pouco fez diferença.

Candidatos veteranos como Alckmin e Marina tiveram votação pouco expressiva, reforçando não só a ideia de maior força da campanha "boca a boca" como também uma maior rejeição a antigos nomes da política brasileira. 

Ciro com seu estilo também povão conseguiu se firmar como terceira força, mas querer ficar mais próximo do centro do que da esquerda acabou minando parte de seus possíveis eleitores. 

Haddad parecia uma jogada desastrosa do PT após Lula ser impedido de concorrer, em partes se confirmou que o PT errou ao insistir demais numa candidatura improvável, mas ao mesmo tempo a votação expressiva num candidato que só era mais conhecido no estado de São Paulo mostrou que o partido ainda tem certa força em âmbito nacional. 

Nessa eleição tivemos relativamente boa participação dos novatos Amoedo, impulsionado pela onda de renovação de políticos e ideias e; também de Daciolo, este totalmente apoiado na cultura atual dos memes onde conseguiu ser uma figura carismática. 

Para finalizar, o resultado de 2018 põe fim a polarização entre PT x PSDB no segundo turno, mas acirra ainda mais as diferenças entre esquerda e direita e depois de quatro mandatos seguidos o PT finalmente é derrotado, sem dúvidas Jair Bolsonaro dá início a uma nova era na política brasileira com a direita no poder.


A facada no candidato

Outra particularidade vista na eleição de 2018 foi um atentado contra o candidato Jair Bolsonaro, que naquele momento já liderava as principais pesquisas de intenção de voto. Adélio Bispo dos Santos atingiu o candidato com uma facada enquanto ele fazia campanha na cidade de Juiz de Fora (MG). À justiça, Adélio afirma ter agido sozinho, sem mandante, mas não convenceu todo mundo. Especialmente por causa do questionamento a respeito de quem pagou seus advogados. A facada, embora amplamente repercutida pela mídia e pelas redes sociais com imagens explícitas do acontecimento, também foi alvo de teorias conspiratórias por parte de opositores do candidato.

Comentando o tema, Fujiro:

Quinta-feira, 6 de setembro de 2018, Juiz de Fora, Minas Gerais. O militar da reserva e político brasileiro candidato a presidência da república, Jair Messias Bolsonaro, populista e referência da nova direita brasileira, dava mais um show de populismo e interação social com seus eleitores.  Até aí, tudo normal para quem já conhecia o candidato, mas naquele dia as coisas não terminariam como em todos os outros finais de tarde alvoroçados que o candidato fazia questão de passar ao lado de seus admiradores. Por volta das 15:30 hs daquele mesmo dia, o presidenciável foi vítima de uma tentativa de homicídio, sendo esfaqueado brutalmente na região do abdômen, em meio multidão que foi utilizada como espécie de “camuflagem” para que Adélio Bispo dos Santos, um ex filiado ao PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), chegasse bem próximo de seu alvo para tentar o assassinato. Bom, não é nenhuma novidade que o Brasil – como a maioria dos países ocidentais livres - é um poço de discrepância política onde até mesmo aqueles que são adeptos ao mesmo espectro, divergem bastante em ideologias que poderiam ser genuínas entre os mesmos.

Isso, somado a desigualdade social e principalmente a péssima educação oferecida pelo estado, gera uma casta de pessoas que, independentemente do que pensam ou de quais ideologias defendam, são capazes de tirar a vida de um irmão para cumprir o mandar de suas insanidades, e até de atribuir seus feitos a uma razão de defender um “bem estar social geral” em nome de alguém muito superior, variante até mesmo de uma crença. É nessa colocação que eu insiro o ato por parte de Adélio Bispo de Oliveira, o qual até disse estar cumprindo um “chamado divido” para dar fim a uma vida que, segundo sua falácia oriunda de sua extrema insânia, poderia causar uma desgraça à nação que dizia defender. Claro, o mesmo se colocava na oposição candidato direitista Bolsonaro, um cidadão assumidamente esquerdista que convivia com adeptos de sua ideologia, onde a notável maioria coloca o atual presidente da República como um fascista opressor! Ou seja, inúmeros palitos de fósforo acesos próximo a uma mente considerada a um barril de pólvora, como é a de Adélio, comprovadamente com transtorno mental. E a “explosão” aconteceu, feriu, mas não matou. 

E após o ataque a Jair Bolsonaro, o agressor foi detido em flagrante pelos adeptos do até então presidenciável e, posteriormente, pela polícia local. Desde então, Adélio se encontra preso, passou por alguns exames médicos que comprovaram insanidade mental, e continua sendo investigado pelo crime que cometeu, no qual disse ter agido sozinho, sem nenhum mando. Porém, imediatamente após o crime, 4 advogados foram contratados anonimamente e colocados a disposição para trabalhar em defesa de Adélio, cuja explicação da contratação se diverge por parte de cada um, o que deixa nítido que existe gente poderosa por trás de todo esse atentado, principalmente quando um repórter perguntou a um deles se Adélio agiu sozinho, e a resposta do advogado foi: “Segundo a orientação dele... (interrompeu, titubeou e corrigiu), segundo a afirmação dele, agiu solitário...”. Mas o que me deixou em estupendo desencanto foi algo que eu já imaginava que ocorreria, mas que não pensava que chegaria a classe de professores universitários que, alguns deles manifestando serem contra a morte por assassinato, disseram que a facada poderia ter sido melhor dada! Inacreditável! Que a demência ideológica atinge até mesmo as mais altas classes sociais e intelectuais, não é novidade, mas a tal ponto tão inóspito e desprezível de defender um atentado de homicídio, e por parte de pessoas que se dizem intelectuais, mostra o nível de muitos de nossos formadores profissionais e intelectuais.

Como já sabemos, Jair Messias Bolsonaro se recuperou, foi eleito presidente da república e a resistência continua, e com certeza se manterá. Mas de todo este episódio da “Facada no Bolsonaro”, eu vi o quão irracional pode chegar a ser o ser humano a ponto de criarem um método de alma conspiratória para dar um fim a uma pessoa por questões politicas e ideológicas, onde até agora, quase 5 meses depois, muitas coisas continuam encobertas. Claro que existe muito mais que somente isso em questão de objetivo, por trás de todo o ocorrido, mas nada justifica tal ato como sendo algo natural de um insano mental ou por parte de uma única pessoa. Um atentado assim não ocorria na América Latina desde a morte de Donaldo Colosio, candidato a presidência do México, em 1994. Independentemente da modelagem do pensamento de qualquer que seja a pessoa, o amor, o apreço e a humildade devem se fazer presente na vida de todos os cidadãos que se considerem fãs da democracia e da vida! Aquele, por evitar o materializar da cólera, esse, por demonstrar reconhecer que todos podem ter sim algo de bom a oferecer mesmo se não concordarmos com seus ideais, e este por caracterizar a consciência que pode nos fazer compreender que nem sempre somos tudo aquilo que muitas vezes pensamos ser ou conhecer.



#EleNão e #EleSim

As eleições desse ano foram claramente polarizadas. Tanto que boa parte da campanha teve como foco ataques e defesas a um candidato, o que se saiu vencedor. Isso porque grupos de esquerda logo trataram de levantar a hashtag #EleNão, fazendo referência ao candidato do PSL. O movimento repercutiu entre mulheres famosas, e até causou discordâncias. A cantora Anitta, por exemplo, aderiu à tag após muita pressão de seus fãs. O #EleSim também foi forte, tanto que deu uma resposta hábil nas ruas a uma manifestação feita pelo grupo contrário no dia anterior.

Comentando sobre o tema, Léo

Após uma explosão nas redes sociais, um movimento de mulheres contra o presidenciável Jair Messias Bolsonaro tomaria as ruas de todo o país em busca de visibilidade e resistência a um candidato de "extrema-direita" e seus apoiadores. Uma das explicações da possível debandada do movimento foram os ataques às criadoras do grupo "Mulheres contra Bolsonaro" e a invasão à mobilização no Facebook. Logo após o movimento de mulheres contra a opressão tomar as ruas, um contramovimento intitulado de forma sarcástica de #EleSim, também tomou as ruas em dois domingos seguidos, em algumas capitais e com motivação política e de apoio a um candidato que já estava à frente das pesquisas. Com a ascensão midiática e social desses movimentos os números do candidato Jair Bolsonaro subiram em pesquisas Ibope e Datafolha em até 6 pontos na preferência feminina, esses números somente nós mostraram que a histeria feita pela resistência é sempre patética e no fundo ajudam uma contra cultura crescer, a esquerda precisa urgentemente de uma reformulação senão ela será engolida por conservadores e liberais no âmbito político não só brasileiro mas mundial. 

O meu sonho seria que as pessoas e movimentos legítimos não fossem subordinados a uma falha ética chamada democracia, temos movimentos negros, de LGBTQI+, mulheres e até pró-meio ambiente, que são escravizados e usados como massa de manobra de políticos e usurpadores de esquerda para os mesmos chegarem ao poder e com esse poder excluírem boa parte da população ativa por interesses próprios e até de seus "movimentos" representativos. Também temos movimentos como o cristão, conservadores, liberais e libertários, pró-armamentista, pró-LGBTQ+ com menor intensidade mas também com seus créditos, contra o aborto etc. Todos esses movimentos são usurpados por partidos e candidatos de direita, mas no fim deixam suas lutas e movimentos à mercê de um governo e só acordam quando são atacados pelo mesmo ou um governo de alguma ideológica diferente. Uma luta não é pelo poder mas pela mudança na sociedade! Não se luta pelo fascismo mais conveniente mas sim pelas liberdades individuais e que sua voz seja ouvida de forma ética e sem a influência de uma gangue chamada estado de direito. A coerção estatal para que seu movimento seja legitimado não é algo bonito nem ético, é somente o jeito mais rápido e fácil de calar o outro lado sem luta. 

Meu sonho é que #EleNão diga às pessoas como elas devem conduzir suas vidas. #EleNão possa ditar regras sociais. #EleNão controle a economia. #EleNão envie os filhos dos outros para guerras. #EleNão controle escolas, não regule as aposentadorias, e muito menos empregue pessoas para espionar e extorquir seus cidadãos. 

E #EleSim controla a sua vida e suas liberdades. #EleSim manda prender aqueles que não aceitam seu roubo. #EleSim cria espírito patriótico para que todas as suas guerras e escolhas erradas sejam legitimadas pelo bem da "Nação". #EleSim coloca negros contra brancos, homens contra mulheres, ricos contra pobres e mantém o medo na sociedade. #EleSim é o Estado que todos deveriam temer, não existem pautas de esquerda ou direita, somente somos marionetes na mão desse mal estatal. 

Por fim e para encerrar meu pequeno sonho: as lutas sociais e políticas não devem ser motivadas por governo X ou Y. Siga seu coração e lute pelo o que acredita, não importa quem esteja no poder ele nunca refletirá suas ideias pois todos somos indivíduos únicos. 

"Só merece a liberdade e a vida aquele que tem que conquistá-las todos os dias."


A eleição de Jair Bolsonaro

O que muita gente tratou como impossível e até como uma piada se concretizou no último dia 28 de outubro. Deputado-federal de "baixo clero" no Congresso, Jair Bolsonaro foi eleito Presidente da República pelo PSL com 57.797.847 contra  47.040.906 do petista Fernando Haddad, que foi ao segundo turno.

Comentando sobre o tema, Paulo:


Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, deputado federal por 27 anos e atualmente filiado ao Partido Social Liberal (PSL), tornou-se o novo presidente do Brasil numa das eleições mais polarizadas dos últimos tempos. Se em 2014, quando a disputa para presidente ficou entre dois representantes de esquerda, em 2018 foi extamente o oposto, pela primeira vez um candidato de extrema-direita conseguiu ameaçar e quebrar a hegemonia da esquerda representado pelo PT de Dilma e Lula.

Bolsonaro discursou veementemente contra o PT, que já estava desgastado pelos escândalos de corrupção como o mensalão e a lava-jato, somado as inúmeras atrapalhadas de Dilma na economia. Esse antipetismo contou muito a seu favor.

Outro fator que o ajudou foi sua firme posição em favor da família e de valores conservadores, isso permeou toda sua trajetória política, ele já havia ganhado notoriedade quando se opôs ao Projeto Escola Sem Homofobia apelidado de Kit-Gay.

Jair também fez das redes sociais sua principal forma de divulgar suas propostas e rebater adversários, haja vista que o candidato tinha apenas 8 segundos de propaganda eleitoral na TV e ficou impedido de viajar  depois do atentado que sofreu.

Bolsonaro mostrou-se a principal figura em favor do porte de arma de fogo, inclusive popularizando o gesto de arma com as mãos. Sua postura em relação a criminalidade e segurança pública sempre foi de reduzir a maior idade penal, autorizar o excludente de ilicitude, além de acabar com as regalias que presos têm como saídas temporárias em datas festivas, isso granjeou enorme apoio popular causando polêmicas nas camadas mais progressistas.

A influência de Bolsonado foi notada e influenciou políticos que passaram adotar discursos parecidos principalmente em relação a violência e alimentou o conservadorismo e o patriotismo no coração dos brasileiros.

E assim com mais de 57 milhões de votos, Bolsonaro conseguiu se eleger atendendo o anseio de parte do Brasil que deseja um rumo melhor no país. Importante ressaltar que o presidente já se posicionou a favor do fim da reeleição, assim sendo não podemos ter certeza se ele irá seguir o próprio discurso.


A renovação no Congresso

Com a eleição de 2018, A eleição para os cargos legislativos federais de 2018 proporcionou a maior renovação da Câmara dos deputados desde a redemocratização. Com Bolsonaro eleito Presidente da República, a ideologia dos deputados eleitos agora pende claramente para o conservadorismo, com uma taxa de renovação de 47,37%. Embora o PT tenha permanecido como o maior partido na casa, foi o PSL do atual presidente que mais cresceu e que pode até ultrapassar o partido de esquerda na futura janela partidária. Pesquisa recente do instituto Datafolha também indica que o brasileiro também está bastante confiante com a nova legislatura, mais que nas duas eleições anteriores.

Comentando sobre o tema, Davi:

Fica claro um desejo de mudança por parte da população, o Senado também teve a sua maior renovação da história, de 54 vagas em disputa, 46 serão ocupadas por novos nomes. Medalhões como Eunício de Oliveira, Cássio Cunha Lima, Chico Alencar, Cristóvam Buarque, Magno Malta, Roberto Requião e Romero Jucá ficaram de fora.

Podemos concluir que uma parte dessa renovação foi ditada pelo efeito Bolsonaro, onde a maioria dos que o apoiaram ou foram indicados por ele se elegeram. Outros fatores, podemos incluir também, é o cansaço da velha política, a forma de se lidar com ela e os inúmeros escândalos de corrupção. O início já foi dado, mas tem muito o que ser feito ainda.

Um poder que a população só descobriu recentemente, e que é a sua principal arma, é a pressão popular. Através dela, vários recuos foram dados. O episódio mais recente e não sabemos como vai terminar é o da eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado. Isso representaria um tapa na cara do povo que votou por mudanças, e Renan representa tudo o que a velha política tem de mais nefasto.

Por fim, a maioria dos parlamentares eleitos são de centro-direita, e muitos deles são conservadores. A mudança foi iniciada no papel, vamos ver na pratica como funcionará a partir de 1º de Fevereiro. E a pressão tem que continuar.


O ano na política internacional

Não foi apenas no Brasil que as coisas foram bem movimentadas, mas em todo o mundo. 

Por isso, nosso comentarista Ricardo fez um apanhado geral dos temas que foram destaque na política internacional. Confira abaixo o "resumão" feito pelo Ric:

• Guerra Comercial China vs. EUA

Como prometido por Donald Trump, os Estados Unidos iriam impor taxas mais fortes contra produtos chineses, já que a balança comercial dos EUA com a China por muito tem sido comercialmente desfavorável aos EUA. Com isso, a China diversas vezes ao longo do ano ameaçou aumentar taxas em produtos americanos igualmente. 

• Negociações do Brexit

Votado em 2016 e com apoio de mais de 50% da população do Reino Unido, o país sairia da União Europeia. No entanto, as negociações de como seria a saída ainda estão ocorrendo e em 2018 muita pressão foi colocada para a primeira-ministra britânica do Partido Conservador, Theresa May, que sentia uma forte pressão política para deixar o cargo, mas que o manteve. 

• Eleições nos EUA

Depois das eleições de 2016, em 2018 foi a vez das eleições para o Senado e Congresso, além de várias eleições estaduais para governadores. Antes de maioria republicana, o Congresso americano ficou azul e democratas tomaram a maioria. O Senado continuou republicano e com apoio ao governo Trump.

• Negociações de Paz com a Coreia do Norte

Sob controle comunista da mesma família desde 1948, a Coreia do Norte em 2018 voltou a provocar a paz mundial com ameaças de uso de armas nucleares. Encontro histórico com o presidente americano e o ditador coreano aconteceu em Cingapura. O governo coreano prometeu que abandonaria seu programa nucelar, mas muitas vezes voltou a fazer ameaçar, numa extrema bipolaridade diplomática. 

• Os Castros “Deixam” o Poder


Entre aspas, pela primeira vez em 42 anos nenhum dos irmãos Castro (Fidel e Raul) ficaram no poder. O novo “presidente”, Miguel Díaz-Canel, tomou posse em abril, enquanto Raúl Castro, hoje com 87 anos, ficou com cargo de presidente do Partido Comunista Cubano.

•Venezuela: Mais 6 anos de Maduro 

O conhecido estado de crise humanitária, social e econômica no qual se encontra a Venezuela não é novidade para ninguém. Em 2018, houve novas eleições, adiadas várias vezes, porém, o resultado foi positivo para Nicolás Maduro, que governará a Venezuela por mais 6 anos*. Não obstante a crise, as urnas indicaram a vitória com mais de 67%. A eleição não foi reconhecia por vários órgãos internacionais, como a ONU, União Europeia, Grupo de Lima, Estados Unidos e Austrália, mas foi reconhecida por países como China, Rússia, Cuba, Irã e Coreia do Norte.

*Texto enviado pelo Ricardo antes de o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, se auto-proclamar presidente interino do país.