E o Oscar vai para?

Por Pauloncé


O Oscar esta se aproximando e com ele criamos a expectativa de saber quem vencerá as categorias de atuação. Algo que noto nas categorias de melhor ator e atriz é que tanto os indicados quanto os que ganham o troféu em sua esmagadora maioria interpretam pessoas reais. Apesar do cinema adaptar muitas obras literárias e até produzir filmes baseados em peças, é fato que muitos diretores gostam de dirigir filmes que se baseiam em fatos reais ou cinebiografias.

Como exemplo, esse ano temos três atores concorrendo por interpretarem pessoas reais, sendo eles Bradley Cooper ( Maestro), Cillian Murphy (Oppenheimer) e Colman Domingo (Rustin). Interpretar personagens biográficos de qualquer natureza e de forte impacto histórico e social é algo que reforça o talento de um ator e faz as atenções voltarem para seu trabalho. Por isso, que Cillian Murphy que interpreta J. Robert Oppenheimer têm grandes chances de levar o  prêmio de melhor ator.

O fato de muitos filmes serem cinebiografias, adaptações de livros ou em fatos reais é uma das explicações da falta de diversidade em boa parte do elenco. Afinal de contas, se um filme basear-se na história do rei George Vl  como no caso de O Discurso do Rei, não seria plausível colocar um ator negro em tela. E tão pouco fazer uma adaptação cinematográfica de Barbie e escalar uma atriz asiática para protagonizar.

Mesmo que representar a diversidade seja algo positivo, os diretores precisam ter liberdade criativa para dirigir histórias que mais lhe interessem e com a maior fidelidade a obra possível.

Portanto o produto que chega até nós é feito por pessoas brancas, de histórias de pessoas brancas e por atores brancos. Se essas obras ganham repercussão positiva de crítica e público isso obviamente vai se refletir nas númeras indicações vista, pois é assim que a estrutura funciona.

Todos esses atores interpretaram personagens biográficos

Sendo assim a falta de negros, asiáticos e latinos concorrendo nas categorias de atuação do Oscar é muito mais uma consequência do que uma causa. A mudança só ocorre quando produtores e diretores negros decidem levar ao público suas próprias histórias, como foi visto em anos recentes com Selma (2014), Se a Rua Beale Falasse (2018), King Richard: Criando Campeãs (2021) e esse ano com o remake de A Cor Púrpura (2024).

Não adianta haver mentes criativas e talentos capazes de trazer mais representatividade e cor para as telas, se quem detém o poder de decisão não permite. A mudança começa de cima para baixo.

Hollywood só ficará livre de estereótipos de pessoas não-brancas se derem oportunidade para que outras pessoas sejam capazes de contar suas próprias narrativas e isso não ocorre com uma ou duas produções, e sim com uma certa medida de equidade com os outros diretores. 

Octavia Spencer e Lupita Nyongo venceram por interpretarem papéis de empregada e escrava, respectivamente

Para se identificar com um personagem você não precisar ser parecido fisicamente com ele, pois nos identificamos com atitudes similares e personalidade. Mas todos os grupos étnicos devem sentir o orgulho de se verem em tela, pois quando vemos alguém do nosso meio é como se estivéssemos vendo a nós mesmos.

Somente seis atores já levaram a estatueta por melhor atuação, Halle Berry foi a única mulher


Bem curioso, não acham?